terça-feira, 23 de setembro de 2008

MANIFESTO OXX : OUTRO ESPAÇO EM CURITIBA

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[photos by Lineu Filho]



Ontem foi dia 22 de setembro, dia mundial sem carro. Seria um dia como outro qualquer, cheio de motores fumegantes, não fosse pela iniciativa do ARTE, BICICLETA E MOBILIDADE, que organizou a "Marcha das mil bikes" mobilizando grande número de pessoas e transformando o espaço urbano em sítio de manifestações e de livre expressão.
Escolhemos participar do evento organizado pelo INTERLUX sem levantar uma bandeira institucional, mas como pessoas que lutam por um espaço urbano diferenciado, onde a liberdade de expressão seja a única lei. Essa é a nossa causa, pois entendemos que nossa arte não poderá ser desenvolvida numa cidade amarrada por valores de séculos passados.
Nosso nú foi associado a diversas causas, e acreditamos em todas elas, porque acreditamos em algo diferente que ainda esta por vir. Várias pessoas se manifestaram da mesma forma em São Paulo, Madrid, Varsóvia, Barcelona. Esperamos que Curitiba um dia possa ser vista com um espaço urbano avançado, onde possamos existir de forma mais plena.
A todos e todas que apenas conseguiram enxergar nossas bundas ou pintos, fica o recado: somos belos sim, porque somos livres.

Salve a arte, salvem as bicicletas e salve a mobilidade em Curitiba!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

HO: o mago brasileiro da anti-arte

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Hélio Oiticica foi um dos mais criativos artistas plásticos brasileiros. A síntese de sua obra são seus belos "Parangolés" (1964): capas, estandartes ou bandeiras coloridas de algodão ou náilon com poemas em tinta sobre o tecido a serem vestidas ou carregadas pelo ator/espectador, que passa a perceber seu corpo transformado em dança. Quase uma poesia, pois a obra de arte só se revela quando alguém a manuseia, a movimenta. Como bem definiu o poeta Haroldo de Campos, o "Parangolé" é uma "asa-delta para o êxtase". Carioca anarquista, Oiticica transitou entre os morros do Rio de Janeiro e os Estados Unidos, onde morou de 1948 a 1950, época em que se mudou com a família, e a partir de 1970, quando foi para Nova York. Aluno de Ivan Serpa, iniciou sua trajetória artística ligado às experiências concretas e neoconcretas. Das pinturas em guache sobre cartão, saturadas de cor e sem perspectivas, rompeu com o conceito tradicional de quadro e elaborou os "Monocromáticos" ou "Invenções" (1958-1959): placas de madeira que recebem várias camadas de tintas e dispostas na parede aleatoriamente. Cada vez mais desejoso de integrar a arte à experiência cotidiana, passou a propor a participação do espectador pela vivência visual, em obras como os "Bilaterais" e os "Relevos Espaciais" (1959): placas de madeira pintadas e suspensas por fios presos no teto; e os "Núcleos" (1960-1963): placas de madeira pintadas em sua dupla face e penduradas no teto por um suporte de madeira. Os primeiros parangolés são construções em madeira a serem penetradas pelo espectador, que caminha sobre areia, toca em objetos, escuta ruídos etc. Os segundos, recipientes de diversos materiais, como madeira, vidro, lata e plástico, contêm elementos como areia, pedra e carvão colorido, que devem ser manipulados. Certa vez, escreveu: "A obra nasce de apenas um toque na matéria. Quero que a matéria de que é feita minha obra permaneça tal como é; o que a transforma em expressão é nada mais que um sopro: um sopro interior, de plenitude cósmica. Fora disso não há obra. Basta um toque, nada mais".
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